Lembro-me claramente da vez em que, recém-saída de uma mudança grande na vida profissional, sentei em frente ao computador com uma pilha de recibos e um medo enorme de errar na minha declaração de imposto de renda. Foram horas organizando documentos, mostrando a declaração a um contador e aprendendo na prática o que realmente importa: organização, atenção aos detalhes e entender por que cada número entra ali. Na minha jornada como jornalista e especialista que já auxiliou dezenas de pessoas nesse processo, aprendi que a melhor defesa contra problemas com o Leão é informação aplicada — não só teoria.
Neste artigo você vai aprender, passo a passo, como preparar e entregar sua declaração de imposto de renda, quais documentos reunir, como escolher entre declaração simplificada ou completa, erros mais comuns e como corrigi-los. Também trago dicas práticas que uso no meu dia a dia para reduzir dor de cabeça e aumentar a chance de restituição rápida.
O que é a declaração de imposto de renda (IRPF)?
A declaração de imposto de renda (IRPF) é o documento em que pessoas físicas informam à Receita Federal seus rendimentos, bens, despesas dedutíveis e impostos já pagos ao longo do ano-base. É a forma oficial do contribuinte prestar contas e, dependendo dos valores, receber restituição ou pagar imposto devido.
Quem precisa declarar?
Você precisa declarar imposto de renda quando se enquadrar em algum dos critérios definidos pela Receita Federal no ano-base — por exemplo, rendimentos acima de determinado limite, propriedade de bens acima de certo valor, operação em bolsa, entre outros.
Quer saber exatamente se você é obrigado a declarar neste ano? Consulte a página oficial da Receita Federal para os critérios atualizados: Receita Federal — IRPF.
Documentos que você deve reunir antes de começar
- Informe de rendimentos (empregador, INSS, bancos, corretoras).
- Comprovantes de pagamentos e recibos (aluguel, pensão, ensino, saúde).
- Notas fiscais ou recibos de despesas médicas e odontológicas.
- Documentos de compra e venda de bens (veículos, imóveis) e extratos de investimentos.
- Comprovantes de doações, empréstimos e pagamento de imposto (DARF).
- CPF de dependentes e números de recibos de anos anteriores (se aplicável).
Declaração simplificada x completa: qual escolher?
A escolha entre o modelo simplificado e o completo depende do quanto você tem em deduções comprovadas.
- Declaração simplificada: aplica um desconto padrão (porcentagem substituta) sobre os rendimentos tributáveis. É indicada para quem tem poucas deduções ou quando o desconto padrão é mais vantajoso.
- Declaração completa: permite que você lance todas as despesas dedutíveis (saúde, educação, dependentes, previdência privada, etc.). É indicada quando as deduções efetivas somam mais que o desconto padrão.
Por que isso importa? Porque a escolha impacta diretamente no imposto a pagar ou na restituição. Ao preencher, faça os dois cálculos no programa da Receita e compare o resultado antes de enviar.
Passo a passo prático para preencher e enviar a declaração
- Reúna todos os documentos listados acima.
- Baixe o programa IRPF ou use a declaração online via e-CAC (se disponível).
- Preencha os rendimentos com base nos informes de rendimento.
- Inclua bens e direitos com valores atualizados e débitos vinculados.
- Lance as despesas dedutíveis com comprovantes legíveis e corretos.
- Compare o resultado entre simplificada e completa.
- Revise com calma ou peça a um contador para conferir antes do envio.
- Envie a declaração e salve o recibo de entrega (DARF, número de protocolo, etc.).
Erros mais comuns e como evitá-los
- Erro: esquecer de informar rendimentos de contas digitais ou corretoras. Dica: reúna extratos de todas as instituições financeiras.
- Erro: lançar despesas sem comprovantes válidos. Dica: digitalize e organize recibos por categorias.
- Erro: informar valores de bens incorretos. Dica: confira notas fiscais e contratos antes de registrar.
- Erro: dependentes sem CPF ou com dados errados. Dica: confirme o CPF e a data de nascimento antes de incluir.
Restituição, pendências e malha fina
Se o resultado apontar restituição, você receberá em lotes conforme calendário divulgado pela Receita. Se houver inconsistências, sua declaração pode cair na malha fina — peça da Receita que exija documentação complementar.
Como agir se cair na malha fina? Mantenha a calma: reúna a documentação solicitada e utilize o e-CAC para acompanhar e responder às solicitações. Se necessário, conte com um contador para formalizar a defesa.
Como retificar uma declaração já enviada
Se você percebeu um erro depois do envio, é possível enviar uma declaração retificadora para corrigir os dados. A retificação pode ser feita quantas vezes forem necessárias dentro do prazo legal e geralmente é feita pelo mesmo programa ou via e-CAC.
Consulte as orientações oficiais na Receita antes de retificar: Orientações IRPF — Receita Federal.
Dicas práticas que eu uso e recomendo
- Organize digitalmente: crie pastas por ano e categoria (rendimentos, saúde, educação).
- Use planilhas simples para somar recibos e despesas durante o ano — evita correria na hora de declarar.
- Peça o informe de rendimentos às fontes com antecedência.
- Se tem rendimentos de aplicações e criptomoedas, registre todas as operações conforme orientações da Receita.
- Consulte um contador se sua situação tiver mudanças significativas (herança, venda de imóvel, mudança para o exterior).
Checklist rápido antes de enviar
- Todos os informes de rendimentos estão lançados?
- Despesas dedutíveis guardadas com comprovantes digitalizados?
- Bens e investimentos atualizados e consistentes com extratos?
- Você comparou simplificada x completa?
- Salvou o recibo e protocolou o envio?
Perguntas frequentes (FAQ rápido)
1. Posso declarar pela internet sem instalar o programa?
Sim — a Receita oferece opções online via e-CAC e sistemas disponíveis no portal.
2. Perdi o prazo. Posso ainda enviar a declaração?
Você pode enviar após o prazo, mas haverá multa por atraso. Procure enviar o quanto antes e, se tiver imposto devido, pague também para reduzir juros.
3. E se faltou documento de um ano anterior?
Você pode retificar a declaração daquele ano quando obtiver o documento. Mantenha a organização para evitar isso.
Conclusão
Declarar imposto de renda não precisa ser um bicho de sete cabeças. Com organização, revisão e conhecimento das regras básicas, você reduz erros, evita problemas com a Receita e, muitas vezes, garante uma restituição mais rápida. Se há uma lição que levo comigo é: informação aplicada vale muito mais do que preocupação antecipada.
E você, qual foi sua maior dificuldade com declaração de imposto de renda? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!
Fontes consultadas e referência: Receita Federal — IRPF (https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/irpf). Para notícias e atualizações sobre prazos e mudanças nas regras, consulte também o portal de economia do G1: https://g1.globo.com/economia/.